No dia 13 de março de 2013, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio foi eleito como o 266º Papa da Igreja Católica, adotando o nome de Francisco. Sua escolha não foi apenas simbólica, mas profundamente significativa, uma vez que foi inspirada em São Francisco de Assis, conhecido pela humildade, pela dedicação aos pobres e pelo compromisso com a paz e a simplicidade. Francisco tornou-se o primeiro pontífice oriundo da América Latina, o primeiro jesuíta a ocupar o cargo e o primeiro a usar esse nome na história da Igreja.
Desde o início de seu pontificado, Papa Francisco adotou um estilo pastoral marcado pela simplicidade, pela proximidade com os fiéis e pela defesa dos mais vulneráveis. Logo após sua eleição, encontrou-se em 23 de março de 2013 com o Papa Emérito Bento XVI no Palácio Pontifício de Castel Gandolfo, fato que marcou a primeira reunião entre dois papas em atividade e aposentadoria em 600 anos, simbolizando uma transição respeitosa e harmoniosa.
No decorrer de seu ministério, Francisco promoveu uma série de reformas na estrutura administrativa da Igreja, buscando maior transparência e eficiência, especialmente na Cúria Romana. Além disso, enfrentou com firmeza a crise dos abusos sexuais dentro da Igreja, implementando medidas rigorosas para a proteção de menores e a responsabilização dos envolvidos, demonstrando um compromisso inegociável com a justiça e a verdade.
A espiritualidade do Papa Francisco se expressa também através de suas consagrações e gestos simbólicos. Em 5 de julho de 2013, ele consagrou o Estado da Cidade do Vaticano a São Miguel Arcanjo e a São José, reforçando a proteção espiritual e a importância da humildade e do serviço. Suas encíclicas refletem essa mesma visão pastoral e humanista, destacando-se a “Lumen Fidei” (2013), que conclui reflexões iniciadas por Bento XVI sobre a fé; a “Laudato si’” (2015), que aborda a necessidade urgente de cuidar do meio ambiente e combater as mudanças climáticas; e a “Fratelli tutti” (2020), um chamado à fraternidade e à amizade social em um mundo marcado por divisões.
O Papa Francisco também se destacou por suas numerosas viagens apostólicas, promovendo o diálogo inter-religioso e a paz mundial. Visitou regiões emblemáticas como a Terra Santa, participou da Jornada Mundial da Juventude no Brasil em 2013 e esteve nos Estados Unidos em 2015. Nessas visitas, enfatizou sempre a necessidade de construir pontes entre diferentes culturas e credos, reforçando a mensagem de unidade e compreensão mútua.
Ao longo de seu pontificado, Francisco demonstrou uma postura acolhedora e compassiva, especialmente em relação às minorias e aos marginalizados. Sobre a comunidade LGBTQIA+, defendeu que essas pessoas não devem ser discriminadas, mantendo, porém, a distinção doutrinária entre orientação sexual e práticas consideradas pela Igreja. Em 2021, aprovou a reafirmação da Congregação para a Doutrina da Fé de que a Igreja não pode abençoar uniões do mesmo sexo, mas reiterou que todos os fiéis merecem respeito e acolhimento.
Na esfera administrativa, realizou diversos consistórios para a criação de novos cardeais, evidenciando a diversidade e a universalidade da Igreja. Em 2015, nomeou cardeais de países sem representação anterior no Colégio Cardinalício, como Cabo Verde, Panamá, Tonga e Mianmar. Em 2019 e 2020, continuou essa prática, incluindo representantes de regiões periféricas e minorias, reafirmando seu compromisso com uma Igreja global e plural.
Mesmo enfrentando problemas de saúde e passando por períodos de hospitalização, Papa Francisco manteve-se ativo e resiliente, conduzindo a Igreja Católica com coragem e determinação. Ao longo de treze anos de pontificado, consolidou uma liderança marcada pela humildade, pela defesa dos mais pobres, pela promoção da justiça social e pela busca incessante por uma Igreja mais próxima das realidades contemporâneas. Seu legado já se inscreve na história como um dos mais transformadores e humanos, pautado pela fé, pelo amor ao próximo e pela esperança em um mundo mais justo e fraterno.
Por: Luiz Neto Reporte Revista Barra
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